Dia Mundial do Coração: cuidados em tempo de pandemia da Covid-19 1
As doenças cardiovasculares são as principais causas de óbitos no mundo, representando cerca de 30% das causas gerais.

Neste novo cenário apresentado pela pandemia da Covid-19, a atenção às doenças cardíacas, segundo especialistas, precisa ser ainda mais reforçada. Com o Dia Mundial do Coração, celebrado nesta terça-feira (29), a Secretaria da Saúde (Sesa) lista os principais cuidados para a saúde desse órgão vital.

A prática de atividade física, alimentação equilibrada e o controle da hipertensão arterial são cuidados importantíssimos para pessoas saudáveis, como forma de prevenção. Mas, para quem já apresenta quaisquer doenças cardíacas, esses cuidados são essenciais.

“Para aqueles que já possuem alguma doença do coração, é essencial que continuem tomando as medicações prescritas pelo médico. Além do controle da diabetes, do colesterol e evitar o tabagismo, é importante também fazer atividade física regular para evitar o sobrepeso”, destacou a cardiologista Lilian Claudia Souza Ângelo, que atua no Centro Regional de Especialidades Juliano Almeida do Vale (CRE Metropolitano).

A especialista ressalta que, neste período, mesmo com as taxas de transmissão do novo Coronavírus abaixo de um, os cardiopatas precisam manter os cuidados gerais. “O risco ainda existe. Não temos todas as respostas para a Covid-19, mas já se sabe que pode afetar diretamente as células do músculo cardíaco. Então, é preciso manter todos os cuidados de higiene e de distanciamento social, além do uso de máscara” , orienta Lilian Ângelo.

Cardiopatia e Covid-19

O alerta feito pela cardiologista é importante, uma vez que, de acordo com os dados do Painel Covid-19, dessa segunda-feira (28), cerca de 58% dos óbitos pela doença registrados no Estado foram de pessoas que apresentavam doença cardiovascular crônica, incluindo hipertensão. Dos 3.524 óbitos, 2.057 tinham como comorbidade doenças cardíacas.

“Foi observado desde o começo que os pacientes com a Covid-19, que progrediam para casos graves e foram a óbito, eram principalmente pessoas cardíacas. Temos percebido que a Covid é uma doença inflamatória e que aumenta a necessidade de trabalho do coração, sobrecarregando o órgão”, explicou o infectologista e referência técnica do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Raphael Lubiana Zanotti.

Segundo o médico, “o mecanismo de gravidade desses pacientes ainda não foi elucidado, mas algumas hipóteses são prováveis”. Uma das hipóteses é por essa questão de sobrecarga do coração. O órgão precisa funcionar mais para aumentar a circulação de sangue e as pessoas com doenças cardíacas ou hipertensas precisam trabalhar ainda mais para garantir esse processo, exigindo mais energia e sobrecarregando o coração”, informou Raphael Zanotti.

Dados

De acordo com a cardiologista Lilian Claudia Souza Ângelo, as doenças cardiovasculares são as principais causas de óbitos no mundo, representando cerca de 30% das causas gerais.

No Espírito Santo, segundo dados preliminares do Sistema de Informações sobre Mortalidade da Secretaria da Saúde, de janeiro até agosto deste ano, cerca de 3.919 foram a óbito por alguma doença do aparelho circulatório, entre as quais estão as cardiopatias. Enquanto no mesmo período de 2019, foram registrados 4.730 óbitos.

Ainda em 2020, as principais causas de óbito por doenças cardíacas foram infarto agudo do miocárdio (1.059), doença cardíaca hipertensiva (406) e doença isquêmica crônica do coração (225).

Tanto em 2020 quanto em 2019, as doenças do aparelho circulatório foram as principais causas de óbito no Estado, por grupo de doenças.