Governo do Estado lança projeto para Parque Cultural na Residência Oficial 1
A previsão é de que o espaço, que tem cerca de 93 mil metros quadrados, esteja aberto à visitação no primeiro semestre de 2022.

O Espírito Santo vai contar em breve com um novo parque aberto à visitação: Parque Cultural Casa do Governador. O lançamento do projeto aconteceu na tarde deste sábado (14), na Residência Oficial do Governador, na Praia da Costa, em Vila Velha. O projeto envolve toda a área da Residência e contará com três eixos temáticos para serem explorados pela população: ambiental, histórico e artístico.

Durante a solenidade, o Governo do Estado também lançou o Edital das Esculturas que serão expostas no Parque. As inscrições serão feitas on-line, pelo Mapa Cultural, entre 17 de agosto e 30 de setembro.

O governador Renato Casagrande comentou sobre a importância da iniciativa. “Temos um trabalho importante a ser feito. No mandato passado, entregamos a casa do Governador de Santa Teresa à Prefeitura. Hoje em dia não podemos nos dar a esse luxo. Essa casa é pouco utilizada, mas é importante ter outros lugares de despacho, além do Palácio Anchieta. Por isso, podemos ter o local de trabalho preservado, mas também conciliando com um Parque Cultural. Essa união da inovação com a cultura é uma tendência mundial. Queremos compartilhar esse ambiente com todos”, afirmou.

A previsão é de que o espaço, que tem cerca de 93 mil metros quadrados, esteja aberto à visitação no primeiro semestre de 2022.

Os três eixos temáticos, que serão expostos no Parque, se dividem nas categorias: Ambiental (com visitas aos ecossistemas nativos, exposições sobre as inovações tecnológicas e políticas de energias renováveis); Histórico (com percurso pela história capixaba, da ocupação aos dias atuais, feito com base na pesquisa da história, de forma oral e documental, com ênfase na memória que a Residência Oficial testemunhou em todos os anos de existência); e Artístico (o Parque terá uma exposição artística ao ar livre com esculturas permanentes, esculturas temporárias e eventos culturais em um anfiteatro).

Estiveram presentes no evento, a primeira-dama do Estado, Maria Virgínia Casagrande; a vice-governadora Jacqueline Moraes; os secretários de Estado, Fabricio Noronha (Cultura), Vitor de Angelo (Educação) e Lenise Loureiro (Turismo); o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo; os deputados estaduais Iriny Lopes e Marcos Madureira; a diretora-presidente da Fapes, Cristina Engel; o diretor-presidente do Banestes, Amarildo Casagrande; e o reitor da Ufes, Paulo Vargas.

Projeto

A ideia do “Parque Cultural Casa do Governador” foi concebida pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapes) e pela Secretaria da Cultura (Secult), com participação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).

A diretora-presidente da Fapes, Cristina Engel, é coordenadora-geral do projeto e comentou sobre o que os visitantes poderão encontrar no local. “O Parque tem como referência a multiplicidade, e o visitante vai ter acesso a atrações voltadas para educação, na área cultural, ambiental e, claro, de lazer. Estamos desenvolvendo o projeto de forma que o visitante tenha uma infraestrutura adequada para conhecer mais sobre a história do Espírito Santo, assistir eventos, usufruir de exposições culturais com esculturas e outros tipos de arte, além de receber informações sobre os ecossistemas existentes no espaço, tanto da vegetação quanto dos animais nativos e muito mais”, disse.

Entre outras atrações, Cristina Engel destacou os mirantes que contarão a história capixaba com vistas panorâmicas, placas informativas que serão dotadas de QR Codes linkados a um aplicativo, uma mini usina fotovoltaica para a geração de energia renovável e um eletroposto para carregamento de carros elétricos. “Tudo acessível para receber a todos, inclusive com sinalização em braille. O objetivo é que a população capixaba e os turistas que visitam o nosso Estado possam usufruir da melhor maneira o espaço, tanto na beleza quanto nas atrações”, explicou a diretora-presidente da Fapes.

Cristina Engel frisou ainda a preocupação do governador Casagrande em tornar a Residência Oficial um espaço aberto ao público. “Logo que assumimos a gestão, o governador me informou que queria tornar o local aberto. Nós pegamos a ideia e a transformamos nesse projeto do Parque. A Residência é isolada das pessoas e, por isso, projetamos torná-la acessível a todos. Inclusive, vamos também retirar o muro que separa o espaço da cidade e colocar uma grade para que a população se aproxime da Residência, do Parque e do Governo do Estado”, disse.

Já o secretário de Estado da Cultura, Fabricio Noronha, ressaltou a potência artística e simbólica do espaço, lembrando que o Governo do Estado tem a cultura como prioridade neste momento de retomada do setor, que foi muito prejudicado pela pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). “A abertura de mais um espaço cultural é importante e muito simbólica neste momento de retomada, ainda mais com um projeto tão inovador para o circuito da arte contemporânea capixaba. Estamos empolgados em receber as propostas de intervenção, de escultura e de poder estimular os fazeres artísticos e esse contato das pessoas com a arte”, pontuou.

As visitas serão realizadas por meio de agendamento e com o acompanhamento de um monitor. Para elaborar o projeto do Parque, cinco instituições estão envolvidas, com um total de 21 profissionais, sendo cinco doutores especialistas em diversas áreas e cinco estudantes de graduação. Os parceiros no projeto são o Ifes, a Ufes, a Secult, a Secretaria de Inovação e Desenvolvimento (Sectides) e a Fapes.

Edital das Esculturas

A Secretaria da Cultura lançou, durante o evento, o Edital 001/2021 – Seleção de propostas artísticas para a implementação do parque de esculturas referente ao projeto “Parque Cultural – Casa do Governador”. O Edital é um projeto interdisciplinar e interinstitucional, unindo educação patrimonial, meio ambiente, botânica, ciência e tecnologia e artes visuais. O investimento é de R$ 1,3 milhão.

A Chamada Pública para artistas visa à seleção de projetos de escultura, site-specifics e instalações sensoriais, que unem arte, tecnologia e meio ambiente, que compreende a relação entre arte, paisagem e arquitetura. Os projetos selecionados irão compor a exposição permanente e temporária do “Parque de Esculturas da Residência Oficial do Governo do Estado”.

Serão selecionados sete projetos para a exposição permanente, divididas em duas categorias de premiação, e oito projetos para a exposição temporária, com prazo de duração de um ano.

No caso de Projetos para exposição permanente, serão divididos da seguinte forma: quatro prêmios com valor de até R$ 100 mil reais e três prêmios com valor de até R$ 200 mil reais, ambos para projetos de escultura/instalação em escala monumental. Pelo menos cinco prêmios serão destinados a projetos inscritos por proponentes residentes ou sediados no Estado do Espírito Santo.

No caso de projetos para exposição temporária, serão oito prêmios com valor individual de até R$ 40 mil reais para projetos de escultura/instalação em escala monumental, onde pelo menos cinco prêmios serão destinados a projetos inscritos por proponentes residentes ou sediados no estado do Espírito Santo.

O edital se volta para a multiplicidade da produção tridimensional, desde de sua linguagem tradicional; a escultura, até proposições contemporâneas em técnicas, materiais, espacialidades, interatividades e tecnologias. Propostas de instalações, por exemplo, podem compor um ambiente a ser percorrido pelo espectador em diversos níveis de interatividade, estimulando diálogos com a paisagem e seu espaço de ocupação. Já propostas em site-specific (termo em inglês para local específico), podem trazer trabalhos artísticos instalativos a serem desenvolvidos para fazerem sentido apenas em um determinado local.

“O Parque quer provocar também as possibilidades entre arte e tecnologia, em seu caráter aberto, entendendo tecnologia como um saber, que envolve conhecimentos ancestrais, assim como inovações científicas, dinamizadas em instalações sensoriais”, explicou o coordenador da Galeria Homero Massena e coordenador do edital, Nicolas Soares.

Nicolas Soares pondera que as obras em escala monumental devem se relacionar com as áreas instalativas. “Estamos disponibilizando dez metros quadrados para cada trabalho e, no entorno de cada área, existem diversos elementos, árvores de médio a grande porte, troncos e afloramentos rochosos, que compõem este espaço em sua magnitude. Os trabalhos a serem propostos precisam se conectar de forma harmônica com a paisagem em sua escala e grandiosidade”, acrescentou.

Entenda a chamada para artistas

Os projetos terão que se relacionar com o espaço arquitetônico e paisagístico da Residência Oficial, interagindo e se integrando no espaço.

Escultura: formas espaciais em três dimensões, por meio da manipulação e materiais diversos em variadas técnicas, na tentativa de representar ou apresentar algo.

Instalação: manifestação artística onde a obra é composta de elementos organizados em um ambiente. A obra se conecta ao espaço, com o auxílio de materiais e técnicas variadas, na tentativa de construir uma ambiência, cena e/ou experiência, cujo movimento é dado pela relação entre objetos, construções, o ponto de vista e o corpo do observador;

Instalações Sensoriais: trabalhos inovadores que articulem conceitos da arte e da tecnologia, correlacionados ao espaço/ambiente em que se inserem dessa forma, tirando proveito de situações, como luminosidade, sombras, vento, chuva etc. Propõe-se, ao mesmo tempo, uma dinâmica interativa entre obra e público, a fim de estimular as percepções numa realidade aumentada;

Site-specific: são obras que configuram uma situação espacial específica, levando em conta as características do local e que não podem ser apreendidas senão ali. Tendência da produção contemporânea de se voltar para o espaço, incorporando-o à obra e/ou transformando-o.

Escala monumental: intervenções escultóricas e/ou instalativas que se harmonizem à paisagem e seus elementos, e/ou projeto paisagístico e à arquitetura, em uma relação de proporcionalidade entre dimensões, volumetria e a área a ser ocupada.

Fotos galeria: Hélio Filho/Secom