Nesta quinta-feira, 6 de junho, é celebrado o Dia Nacional do Teste do Pezinho, um exame laboratorial essencial para a saúde dos recém-nascidos. Com a coleta de apenas algumas gotas de sangue, é possível detectar diversas doenças raras antes do surgimento dos sintomas. Devido à sua importância, o mês de junho ganha a cor lilás como forma de conscientização.

A presidente da Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES), Maria das Graças Vimercati, enfatizou a importância da realização do exame já nos primeiros dias de vida do recém-nascido. “O teste é fundamental para o diagnóstico de doenças congênitas e genéticas que podem resultar em deficiência intelectual ou comprometer a qualidade de vida da criança”, explicou.

No Espírito Santo, o Teste do Pezinho pode ser realizado nas Unidades Básicas de Saúde e nas unidades hospitalares, quando o recém-nascido permanece internado após o parto. O material coletado é encaminhado ao laboratório da Apae Vitória, credenciado pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) como referência no Espírito Santo para o Programa Nacional de Triagem Neonatal. A seguir, confira as principais perguntas e respostas sobre a realização do teste:

 

  1. O Teste do Pezinho é obrigatório? 

Sim, a Triagem Neonatal Biológica (TNB), mais conhecida como Teste do Pezinho, é um exame obrigatório para todos os recém-nascidos no Brasil. O exame é simples e consiste em uma pequena punção no calcanhar do bebê para coletar algumas gotas de sangue, que são depositadas em um papel-filtro específico. Após a secagem, o material é enviado para o laboratório da Apae Vitória, que atende a todo o estado.

  1. Quantas doenças são rastreadas a partir do Teste do Pezinho?

No Espírito Santo, o SUS realiza gratuitamente o Teste do Pezinho básico, que tem capacidade de rastrear sete doenças: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia congênita de suprarrenal, deficiência de biotinidase e toxoplasmose congênita.

Em 2021, entrou em vigor a Lei nº 14.154, do Governo Federal, que prevê a ampliação para 50 doenças rastreadas pelo teste. No entanto, a implementação do Teste do Pezinho Ampliado (TPA) na rede pública ocorrerá de forma gradual.

Na primeira etapa, está prevista a inclusão de doenças relacionadas ao excesso de fenilalanina, patologias relacionadas à hemoglobina e toxoplasmose congênita. Na segunda etapa, serão detectados: nível elevado de galactose no sangue, aminoacidopatias, distúrbios do ciclo da ureia e distúrbios de betaoxidação de ácidos graxos.

Na terceira etapa, serão incluídas doenças que afetam o funcionamento celular, e, na quarta etapa, problemas genéticos no sistema imunológico. Por fim, a partir da quinta etapa, será testada também a atrofia muscular espinhal (AME).

Atualmente, o Espírito Santo encontra-se na primeira fase de ampliação do teste.

  1. É possível ter acesso Teste do Pezinho Ampliado (TPA) fora da rede pública?

Sim, o Teste do Pezinho Ampliado (TPA) é oferecido pela rede particular de saúde e também pela própria Apae Vitória por meio de convênios ou por contratação particular. De acordo com a Lei Nº 11.565, sancionada pelo governo estadual em 2022, hospitais, maternidades e todos os estabelecimentos de saúde no Espírito Santo são obrigados a orientar os pais sobre as doenças raras não detectáveis pela triagem básica e a informar sobre a existência do TPA.

  1. Qual o período ideal de coleta do Teste do Pezinho?

A coleta deve ser realizada entre o terceiro e quinto dia de vida e sempre após passadas 48 horas da primeira amamentação/alimentação do recém-nascido.

  1. Em quantos dias sai o resultado do Teste do Pezinho?

O resultado do Teste do Pezinho básico geralmente fica pronto em até 4 dias úteis. Para obter mais informações sobre como ter acesso ao resultado do exame, acesse o site da Apae Vitória:  https://www.apaees.org.br/vitoria/home.

  1. É possível realizar o exame mesmo após o período ideal de coleta?

Não há impedimento para realizar o teste após o tempo indicado. Porém, quanto mais cedo a coleta for feita, mais precocemente será iniciado o tratamento em caso de diagnóstico confirmado. “Algumas doenças podem levar a óbito nos primeiros 15, 20 dias de vida, enquanto outras, como o hipotireoidismo congênito e a fenilcetonúria, se não forem tratadas em tempo oportuno, podem causar atrasos irreversíveis no desenvolvimento, como a deficiência intelectual”, explicou Cristina Bravin, coordenadora técnica do Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) da Apae de Vitória.

  1. Quantos testes são realizados por mês no Espírito Santo?

O laboratório da Apae de Vitória realiza, em média, quatro mil testes por mês. Segundo Cristina Bravin, esse número corresponde a cerca de 85% dos recém-nascidos do estado. Em 2023, foram realizados 42.533 testes no estado.

  1. O que acontece quando a triagem dá positivo para alguma doença?

Em caso de qualquer alteração, os pais ou os responsáveis pelo recém-nascido são chamados pela Apae Vitória para a realização de novos exames e avaliação clínica para confirmação diagnóstica. Vale ressaltar que uma triagem positiva não significa, necessariamente, que o bebê possui a doença, por isso é precisa realizar outros exames para excluir ou confirmar alguma condição.

  1. O Teste do Pezinho detecta a Síndrome de Down?

É uma confusão comum, mas o Teste de Pezinho não detecta a Síndrome de Down.

  1. Por que o Teste do Pezinho é tão importante?

As doenças investigadas pelo Teste do Pezinho são assintomáticas no período neonatal (0 a 28 dias de vida) e podem levar à deficiência intelectual ou afetar gravemente a saúde da criança. No entanto, quando essas doenças são detectadas dentro de um prazo adequado e o tratamento é iniciado, a chance de impedir o desenvolvimento de sequelas é muito grande.

“Durante o Junho Lilás, são realizadas diversas campanhas para conscientizar a população sobre a importância do Teste do Pezinho nos primeiros dias de vida do bebê, garantindo um diagnóstico rápido e um tratamento adequado, caso necessário. Esperamos que, em um futuro próximo, o governo consiga fornecer gratuitamente a triagem ampliada, que rastreia 50 doenças, para todas as famílias”, afirmou Maria das Graças Vimercati, presidente da Feapaes-ES.