Os médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em São Mateus e Nova Venécia, cidades do Norte e Noroeste do Espírito Santo, decidiram suspender suas atividades devido a atrasos no pagamento dos salários. A paralisação começou na última terça-feira (26), no plantão das 19h, e segue sem previsão de retorno.

Após a situação ganhar destaque na imprensa, a empresa responsável pelo Samu efetuou o pagamento referente ao mês de setembro. No entanto, os salários de outubro ainda permanecem pendentes. De acordo com os profissionais, os vencimentos estavam atrasados há cerca de dois meses.

A equipe médica conta com cerca de sete profissionais em São Mateus e seis em Nova Venécia, que se revezam nos plantões. Todos paralisaram suas atividades.

Sem pagamento, médicos do Samu suspendem atendimentos em São Mateus e Nova Venécia
Sem pagamento, médicos do Samu suspendem atendimentos em São Mateus e Nova Venécia Foto: Samu Nova Venécia

Como funciona o repasse financeiro?

O pagamento dos salários dos médicos segue uma cadeia complexa. O Governo do Estado realiza os repasses aos municípios, que, por sua vez, transferem os valores ao Consórcio CIM Polinorte. Esse consórcio gerencia os serviços de saúde na região e contrata a empresa Avante, responsável pela gestão do Samu no interior do Espírito Santo. A Avante, por sua vez, terceiriza o pagamento dos médicos para a empresa Livemed.

Procuradas, as empresas Avante e Livemed ainda não se posicionaram sobre os atrasos. O espaço permanece aberto para manifestações.

Impactos nos atendimentos do Samu

O Samu opera com Unidades Básicas e Avançadas. As básicas, equipadas com condutor-socorrista e técnico de enfermagem, atendem casos menos complexos. Já as Unidades Avançadas, que funcionam como UTIs móveis com médico, enfermeiro e condutor, são essenciais em situações graves, como infartos, ferimentos por arma de fogo e acidentes com vítimas em estado crítico.

Na noite de terça-feira (26), um caso grave evidenciou o impacto da paralisação. Um paciente com insuficiência respiratória, internado no Hospital Cristo Rei, em Boa Esperança, precisava ser transferido para o Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, mas não havia médico disponível na unidade avançada do Samu. Ele teve que ser transportado em uma ambulância do município de Boa Esperança, conforme nota oficial emitida pelo Hospital Cristo Rei.

Posicionamento do Sindicato dos Médicos do ES

O Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) se manifestou sobre a situação, destacando os impactos dos atrasos salariais na vida dos profissionais e na qualidade do atendimento à população.

“O Simes está tomando as medidas judiciais cabíveis para garantir os direitos desses profissionais, que vêm enfrentando sérias dificuldades devido à instabilidade financeira, agravadas pela sobrecarga de trabalho”, afirmou a entidade em nota.

O sindicato reforçou a importância de valorizar os profissionais de saúde, alertando que a falta de pagamentos coloca em risco toda a estrutura do serviço prestado à população.

Resposta da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa)

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que os repasses estaduais ao consórcio CIM Polinorte estão em dia, conforme determina a Portaria nº 229-R. A Sesa também destacou que o Samu tem cobertura integral nos municípios do Espírito Santo e que eventuais falhas foram supridas por unidades próximas.

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