Americanos viram a noite em filas para se vacinar contra a covid-19

Rede telefônica muda em Houston. Espera durante a madrugada em longas filas na Flórida. Idosos no frio no Tennessee, à beira de uma rodovia. Estas cenas apareceram durante a vacinação contra a covid-19 nos últimos dias nos EUA.
O país de 330 milhões de habitantes tem garantidas 900 milhões de doses, não apresenta relato de falta de insumos como seringas, mas ainda tenta encontrar uma forma de atender os interessados em se imunizar.
Até este domingo (3/1), cerca de 4,2 milhões de americanos foram vacinados com imunizantes da Moderna e da Pfizer/BioNTech. As primeiras entregas foram destinadas a profissionais de saúde da linha de frente, funcionários de casas de saúde e residentes. Mas logo houve menos consenso sobre como distribuir a segunda rodada de doses.
Americanos viram a noite em filas para se vacinar contra a covid-19

A campanha de vacinação atrasou e há questionamentos sobre a rapidez com que o país conseguirá controlar a epidemia. O número de mortes no país superou os 350 mil ontem e especialistas alertam para um aumento dos casos e dos óbitos após as aglomerações das festas de fim de ano. O total de casos de covid-19 superou 20 milhões no sábado.

No fim de dezembro, os EUA asseguraram que têm contratadas 900 milhões de doses de várias vacinas para uma população de 330 milhões de pessoas, da qual devem ser subtraídas cerca de 70 milhões que não receberão a vacina agora, pois ela não é indicada a menores de 16 anos.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) afirmou ontem que foram administradas as 4.225.756 primeiras doses de vacina no país até a manhã de sábado e distribuídas outras 13.071.925 doses.
Alguns locais de distribuição de vacinas na Flórida continuaram sobrecarregados neste fim de semana, com pessoas esperando por horas durante a noite na esperança de obter a vacina. A Flórida se tornou em 23 de dezembro um dos primeiros Estados a abrir a vacinação para qualquer pessoa com mais de 65 anos. Mina Bobel, 74, e seu marido, Dave Bobel, fizeram fila às 2 da manhã em frente à Biblioteca Regional dos Lagos em Fort Myers na quarta-feira, na esperança de serem vacinados. Eles foram preparados com lanches e água e se revezaram para dormir na parte de trás do seu carro.
Havia cerca de 300 pessoas à frente deles, disse Bobel, e a maioria delas também veio bem equipada – com casacos e cobertores para se aquecer. “Para nós, foi uma aventura”, disse Bobel, acrescentando que estava “tonta” quando finalmente, por volta das 10h, se preparou para receber sua primeira dose. “Nós nos sentimos realmente sortudos.” Quando ela saiu, disse Bobel, a fila estava ainda mais longa do que quando ela chegou.
Em Fort Myers, Barbara Hooper, 69, e seu marido, Michael, 71, chegaram ao local de vacinação perto de sua casa às 3h30 da quarta-feira. Trouxeram água e cadeiras para ficar em uma fila que se estendia pelo quarteirão. Às 6h30, o casal tomou a vacina.

Agendamento falho

Quando o departamento de saúde de Broward, também na Flórida, anunciou um portal de vacinas online, Barbara Shlevin, de 71 anos, se apressou em experimentá-lo. Ela pensou que havia conseguido agendar sua imunização em fevereiro – até que tentou clicar em “confirmar” e descobriu que ela não estava mais disponível.
Depois disso, o site caiu. Em mensagens postadas no Twitter, funcionários da agência se desculparam porque o site “não funcionou como esperado”. “Entendo a logística, mas tendo crescido nos anos 50 e 60, quando apareceram com a vacina contra a poliomielite, eles conseguiram fazer isso”, disse Shlevin.
Na pequena cidade de Tullahoma, no Tennessee, idosos se alinhavam em uma calçada no sábado enquanto esperavam para entrar na clínica do Departamento de Saúde de Coffee County. A maioria das pessoas na fila usava casacos pesados ou se aconchegava sob cobertores.
Um vídeo postado no Facebook mostrou alguns apoiados em andadores e bengalas e sentados em banquinhos e cadeiras de jardim enquanto esperavam a abertura do prédio. Vickie Rayfield Ham, que postou o vídeo, escreveu que achava que o centro de distribuição seria um drive-through.
“Alguns idosos tinham que andar na rua com seus andadores para chegar ao fim da fila”, disse ela à WTVC, uma televisão local. Em uma postagem no Facebook algumas horas depois do vídeo de Ham, a cidade informou que todas as doses disponíveis foram administradas naquele dia e que as informações sobre a vacinação da próxima semana seriam divulgadas hoje.
O dia da inauguração da primeira clínica pública gratuita de vacinação covid-19 em Houston, no Texas, gerou tanta demanda que o sistema de telefone do Departamento de Saúde local travou. Com isso, as autoridades tiveram de fazer o registro presencialmente. O prefeito Sylvester Turner disse que o departamento de saúde recebeu mais de 250 mil ligações. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)