Um porteiro que trabalhava no Fórum de Nova Venécia,  foi preso por fornecer informações privilegiadas para o chefe do tráfico de drogas na região, após uma denúncia do Ministério Público Estadual.
Sávio Ribeiro da Silva, 22 anos, que trabalhou por dois meses como porteiro do fórum, teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Ivo Nascimento Barbosa, no dia 31 de julho de 2017. A Polícia Militar de Nova Venécia, em cumprimento da decisão, informou que Sávio da Silva foi preso no dia 1º de agosto após ser reconhecido por militares na rua da Praça do Imigrante, no Centro da Cidade.
Ele recusou a se entregar e entrou em luta corporal com os militares, mas um bombeiro que passava no momento da abordagem, ajudou a detê-lo e o levou para a Delegacia. A Polícia Civil informou que Sávio foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Mateus.

Sávio foi citado em duas operações de investigação do Ministério Público Estadual de Nova Venécia com o apoio da Polícia Militar do município

Sávio foi citado em duas operações de investigação do Ministério Público Estadual de Nova Venécia com o apoio da Polícia Militar do município Foto: Divulgação

Na mesma denúncia, o Ministério Público acusa um colega Fidel Galvão Ribeiro de envolvimento na quadrilha que atuava na comercialização de entorpecentes no Bairro Bethânia (fato apurando no decorrer das investigações referente à “Operação Medusa”). Para Fidel foi aplicada uma medida cautelar de recolhimento domiciliar no período noturno, proibição de acesso ou de frequentar determinados lugares e ausentar-se da Comarca.
CITAÇÃO EM OPERAÇÕES
Sávio foi citado em duas operações de investigação do Ministério Público Estadual de Nova Venécia com o apoio da Polícia Militar do município, sobre tráfico de drogas: a Medusa e a Aurora.
O responsável pela investigação criminal, o promotor Leonardo Augusto César informou que na Operação Medusa, que durou de maio a outubro de 2016, Sávio era citado, mas não era identificado.
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“Policiais receberam a informação de que os alvos da operação, antes de ser deflagrada, estavam se desfazendo de bens e fugindo do município. Quando foi deflagrada a operação, um dos alvos que não conseguiu fugir, Lucas Duda Araújo, disse que sabia por parte de Sávio da operação. Diante disso, deflagramos outra operação, que é a Aurora, para investigar quem era o responsável pelos vazamentos e foi descoberto que era Sávio. Ele se aproveitou do acesso que tinha ao fórum e ao cartório criminal, conseguiu ter acesso aos processos sigilosos da Operação Medusa e repassou para traficantes da região, facilitando a fuga deles”, disse.

Consta no processo que a declaração prestada por Lucas Duda Araújo, réu deflagrado a partir da “Operação Medusa”, que ele recebeu informações privilegiadas/sigilosas por parte do denunciado Sávio sobre a existência de um processo em seu desfavor.
As declarações prestadas por Sávio perante o Ministério Público e o relatório da “Operação Aurora”, constando a gravação de áudios obtidos por meio de interceptação telefônica autorizada, apontaram também o envolvimento de Lucas Meirelles e Pablo Leopoldino Teodoro no crime de tráfico de entorpecentes, o que determinou o pedido do juiz de busca e apreensão nas residências deles.
TRECHO DE LIGAÇÕES
Em gravações autorizadas, uma pessoa liga para Sávio dizendo que está precisando de duas ‘paradas’, Sávio pergunta se é de dez (possivelmente comercializando entorpecentes).
Sávio: Oi.
Pablo: Sávio.
Sávio: Oi.
Pablo: É eu Pablo.
Sávio: Fala aí.
Pablo: Tá em casa?
Sávio: Tô.
Pablo: Precisando de duas paradas.
Sávio: Ãn?
Pablo: To precisando de duas paradas.
Sávio: De dez?
Pablo: É.
Sávio: Beleza, ta onde?
Pablo: Rapaz, to indo pra rua agora.
Sávio: Chega aqui me liga.
Pablo: Tá beleza.
Sávio: Bom.
Pablo: Falou.
Em outro trecho, alguém identificado pelas inicias HNI pergunta a Sávio quem está tendo alguma coisa em Nova Venécia (provavelmente droga). Sávio diz que não sabe não, que também está querendo, mas ‘tá difícil’. HNI pergunta a Sávio se caso ligar para o cara do 41 se ele vai lá buscar e este diz que sim.
Sávio: oi
HNI: c* sujo
Sávio: fala aí
HNI: heim, você sabe quem tem nada aqui em Nova Venécia não?
Sávio: rapaz não sei não, tá difícil tá, aqui não está tendo
HNI: ninguém está tendo não né?
Sávio: não, também estou querendo também, mas tá difícil
HNI: você está de moto aí?
Sávio: tô, a moto de Fidel está aqui
HNI: se eu dar uma ligada para o cara lá do 41 se tiver você vai lá pegar?
Sávio: vou
HNI: beleza então
DECISÃO
Segundo a decisão do juiz, áudios apontaram o envolvimento de Sávio no tráfico de entorpecentes. “Vislumbro a necessidade em decretar a medida extrema (prisão preventiva) em seu desfavor, sobretudo por ter externado comportamento audacioso, ao passo que forneceu informações privilegiadas/sigilosas ao chefe do tráfico do Bairro Betânia (no decorrer da “Operação Medusa”), no período em que exerceu atividade laborativa no Fórum de Nova Venécia-ES, o que afronta gritantemente as normas de conduta social e indica um grau elevado de periculosidade, constituindo fundamentação cautelar idônea e suficiente para a prisão preventiva”, disse em sua decisão.
De acordo com o juiz, o crime é de natureza grave, punido com pena máxima superior a 04 (quatro) anos de reclusão, o qual admite a decretação da prisão preventiva, como se vê do artigo 313, inciso I, do Código de Processo Penal.