Pesquisa estuda a relação entre percevejos para o controle e manejo de pragas no Brasil 1
MEGAMIRIS saileri – espécie da Família Miridae, predador que se alimenta de outros insetos.

 

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) teve uma participação especial em um artigo científico que estuda as relações entre insetos predadores, presas e fungos para a adoção de estratégias de controle biológico e manejo integrado de pragas no Brasil.

O artigo, já acessível na Biblioteca Rui Tendinha do Incaper, foi escrito pela aluna Bárbara Nogueira, graduada em Biologia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) que, durante a apresentação do conteúdo, no Departamento de Biologia Animal da universidade, teve como coorientador o pesquisador do Incaper, o entomologista David dos Santos Martins.

Trata-se de um estudo com percevejos da Família Mirídae, uma das mais numerosas dessa ordem, com aproximadamente 10.000 espécies ao redor do mundo. Segundo o pesquisador, a Região Neotropical, que compreende a América Central, possui cerca de 3.000 espécies, já no Brasil são conhecidas cerca de 1.000 espécies.

“Os mirídeos têm sido alvo de estudos, especialmente pelos danos que causam às plantas cultivadas e pela presença de espécies predadoras com potencial de uso como agentes de controle biológico”, explicou David Martins.

O estudo reúne informações da literatura e de espécimes depositados em Museus coletados em diferentes ambientes do Brasil, além de exemplares recebidos de diferentes regiões do país e posteriormente enviados ao Departamento de Entomologia da UFV para serem identificados pelo professor Dr. Paulo Sérgio Fiuza Ferreira, especialista nesse grupo de insetos e orientador desse estudo.

No estudo são apresentadas 30 espécies de mirídeos predadores associados a 50 espécies de insetos-presas e suas presas e seis de micofagia – que se alimentam de fungos – para o Brasil.

“O objetivo foi aumentar o conhecimento das relações entre insetos espécies predadoras, presas e fungos para enfatizar o potencial de uso dessas espécies de mirídeos em estratégias de controle biológico e manejo integrado de pragas no Brasil”, explicou Bárbara Nogueira.

David Martins lembrou que “um estudo dessa natureza se reverte de grande importância por apresentar espécies com potencial de uso no controle biológico de espécies-pragas como alternativa ao controle químico com agrotóxicos”.

O artigo em questão foi publicado recentemente na conceituada revista “Anais da Academia Brasileira de Ciências”. Um outro artigo, originado dessa mesma dissertação, deverá ser publicado em breve sob o título “Associações de percevejos mirídeos com plantas no Brasil”, a fim de apresentar a relação espécie-planta. O conteúdo também já foi aprovado pela revista “O Biológico”, de São Paulo.