Em meio à dor pela perda do pai, um filho foi protagonista de uma cena lastimável nesta quarta-feira (19), em Barra de São Francisco, na região Noroeste do Espírito Santo. Com as próprias mãos, Waltair Araujo teve que preparar a cova onde o pai seria sepultado, já que o cemitério localizado no distrito Vila Santo Antônio está sem coveiro.
Sozinhos, os familiares do falecido Rubens Florentino de Araujo, 73 anos,  colocaram o caixão na cova e depois cobriram com terra.
De acordo com a filha Flaviana Florentina de Araújo, 38 anos, o pai lutava contra um câncer e faleceu na terça-feira (18), no Hospital Dra. Rita de Cássia, por insuficiência respiratória causada por uma pneumonia.

Família de Rubens Florentino de Araujo, 73 anos

Família de Rubens Florentino de Araujo, 73 anos Foto: Roberto Carlos da Silva | Site Barra

“Meu irmão e meu cunhado que tiveram que fazer a cova, e, no momento do sepultamento, meu irmãos e o sobrinho tiveram que descer com caixão e ainda tapar o buraco. É revoltante porque a gente está sofrendo uma perda grande que é o nosso pai e a família se sentiu desprezada pela autoridade e pelo município. É um momento de dor muito grande e uma falta de respeito porque foi difícil para fazermos isso. Jogar terra sobre uma pessoa que a gente ama, a dor se torna maior. Meu irmão mais velho passou mal. É uma dor que eu não desejo para ninguém. Não temos como expressar em palavras”, disse.

Filho fez desabafo no Facebook

Filho fez desabafo no Facebook Foto: Reprodução

Ainda de acordo com a filha, a família não procurou a prefeitura porque não conseguiu contato com nenhum representante responsável. “Não tinha nenhum funcionário ou coveiro no cemitério. Já ouvi casos de outras pessoas que também precisaram fazer o sepultamento de familiares por falta de profissionais. A cidade está jogada às traças”, finalizou.
O caso ganhou repercussão na cidade após entrevista da família cedida ao locutor Elias Faé, da Jovem Barra, que foi publicada no Site Barra.
OUTRO LADO
Acionada pela reportagem, a Prefeitura de Barra de São Francisco informou que o funcionário que prestava serviço no distrito de Patrimônio Santo Antônio (Tatu) na abertura de covas foi picado por uma cobra e precisou ser afastado do serviço, uma vez que, por ser diabético, o quadro de saúde dele se agravou.
Além disso, informou que, quando há a necessidade de abrir uma cova no interior, a família tem que entrar em contato com a Secretaria de Serviços para que o sub-secretário ou alguém no setor envie com a máxima urgência um funcionário para se deslocar ao interior e executar o serviço. “Não há e nunca houve coveiro específico para atuar em todos os cemitérios interior”, afirmou a prefeitura.
As linhas telefônicas do município estão passando por manutenção desde o início do ano, o que dificulta o contato temporariamente. Para solicitar o serviço, familiares devem ir à prefeitura ou enviar um e-mail através do endereço [email protected] ou pelo telefone da recepção da prefeitura por meio do (27) 3756-8000.