Família diz que homem morto por policial em Boa Esperança foi baleado pelas costas, “Se tivesse atirado na perna para conter o meu cunhado, a gente até entenderia, mas do jeito que foi, foi muita covardia”. Estas são as palavras da meeira Eudiceia Duarte Lopes Dias, cunhada de Devani Lucas Dias, de 40 anos, morto por um policial militar durante a manhã do último domingo (22), no distrito de São José do Sobradinho, Zona Rural de Boa Esperança.

Diferentemente do que alegou o agente de 47 anos, a família afirmou que o assassinato foi gratuito. “Ele tinha problemas mentais e depois de discutir com o irmão, na frente da casa do PM, ele atirou um capacete e uma pedra na porta de vidro da residência. No que ele virou para ir embora, o policial atirou”, contou Eudiceia.

Família diz que homem morto por policial em Boa Esperança foi baleado pelas costas

Família diz que homem morto por policial em Boa Esperança foi baleado pelas costas

Para ela, se a finalidade era cessar as ações de Devani, o policial deveria ter utilizado outros meios menos drásticos. “Ele é preparado, deveria ter feito outra coisa: usado cassetete, spray de pimenta, algema ou até a arma, mas não atirado para matar. Como é que alguém assim vai cuidar da comunidade?”, desabafou.

A ideia também é defendida por um dos 11 irmãos de Devani, o meeiro Ilson Lucas Dias. “Todos nós estamos muito tristes e revoltados. Por que o policial fez isso? Ele conhece a lei, sabe que está totalmente errado. Ele tem que cuidar da família dos outros e não atirar nelas, matar”, afirmou. “Queremos justiça”.

Família diz que homem morto por policial no ES foi baleado pelas costas

Nesta terça-feira (24), o meeiro Ilson Lucas Dias ainda estava muito abalado com a perda do irmão

O OUTRO LADO: LEGÍTIMA DEFESA

Sargento da Polícia Militar, ele garantiu que não atirou pelas costas de Devani e que agiu em legítima defesa. Segundo o policial, ele teria sido agredido com pedradas e ameaçado de morte. Além de ter a residência quase invadida pelo homem. O PM também disse que solicitou apoio no local, logo após atingi-lo com os disparos.

Em nota, a Polícia Civil informou que analisou imagens de videomonitoramento e que colheu o depoimento do policial e de duas testemunhas. Desta forma, o delegado plantonista de Nova Venécia entendeu que tratava-se de legítima defesa. O caso ainda será apurado pela Delegacia de Boa Esperança.

Também por meio de nota, a assessoria jurídica da Associação de Cabos e Soldado da Polícia Militar e do Bombeiro Militar do Espírito Santo informou que os procedimentos jurídicos iniciais foram realizados e estão disponíveis ao público. Bem como afirmou que o policial agiu em legítima defesa, em uma situação em que “resta claro que o cidadão realmente queria matá-lo”.