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Novas espécies de insetos invadem o Espírito Santo

Na região serrana do estado do Espírito Santo, pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) fizeram uma descoberta surpreendente: seis novas espécies de insetos foram encontradas, trazendo à tona a riqueza da biodiversidade local. O estudo faz parte do projeto “Entomofauna do Espírito Santo” e foi publicado no periódico científico internacional “Zootaxa”.

As espécies, pertencentes à família Miridae, conhecidos como percevejos, foram encontradas em áreas de Mata Atlântica nos municípios de Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá. Esses insetos, até então desconhecidos pela ciência, foram identificados como membros das subfamílias Bryocorinae, Cylapinae e Deraeocorinae.

De acordo com o engenheiro agrônomo e coordenador do projeto, David dos Santos Martins, a família Miridae é a maior da subordem Heteroptera (Hemiptera), com aproximadamente 10.000 espécies em todo o mundo. No Brasil, são conhecidas cerca de 1.000 espécies, sendo que 25 dessas foram descobertas no Espírito Santo durante o estudo.

Seis novas espécies de insetos são descobertas no Espírito Santo

Além de revelar a diversidade da entomofauna local, a descoberta dessas novas espécies tem implicações importantes para a ecologia e a agricultura. Os mirídeos desempenham papéis cruciais nos ecossistemas, atuando como predadores de insetos, pragas e vetores de viroses. Alguns se alimentam de plantas, sugando sua seiva, enquanto outros são predadores de insetos, auxiliando no controle populacional.

Para Martins, a descoberta dessas espécies pode fornecer informações valiosas para o desenvolvimento de estratégias agrícolas mais eficazes e sustentáveis. “Mirídeos que se alimentam de pulgões, por exemplo, ajudam a proteger plantas cultivadas. Estudos mais aprofundados sobre essas novas espécies podem levar a avanços no controle biológico de pragas”, explica o pesquisador.

Além disso, a presença desses insetos também pode servir como indicador da qualidade ambiental e das mudanças nos ecossistemas locais. A descoberta das novas espécies ressalta a importância da preservação dessas áreas de Mata Atlântica, que abrigam uma biodiversidade única e ainda desconhecida em grande parte.

Nomes homenageiam Incaper, pesquisadores e Venda Nova do Imigrante

As novas espécies de mirídeos foram nomeadas Eurychilella incaperanus, Knightocoris carlosleitei, Sinervus vendanovensis, Sinervus venturai, Valdasoides marisae e Valdasus carpinteiroi.

O nome Eurychilella incaperanus homenageia o Incaper, pela assistência logística ao estudo, que permitiu aos pesquisadores participantes do estudo o registro e produzir a publicação, e também por dois dos autores responsáveis pelo estudo serem entomologistas do Instituto.

Sinervus venturai homenageia o pesquisador José Aires Ventura, do Incaper, em reconhecimento às suas contribuições à ciência no Brasil, em especial à pesquisa agrícola do Espírito Santo. Sinervus vendanovensis faz referência ao município de Venda Nova do Imigrante, onde a espécie foi coletada.

Primeira ocorrência de espécie na América do Sul

O artigo sobre as novas espécies foi publicado com o título “Synopsis of Miridae (Hemiptera: Heteroptera) in Atlantic Forest Dominion, Espírito Santo State, Brazil: keys, diagnoses, new species, plant associations, and geographic distribution. Part I: Bryocorinae, Cylapinae and Deraeocorinae”.

Na publicação, os pesquisadores relatam outro achado científico importante para o Espírito Santo. Um exemplar de mirídeo de uma espécie do gênero Clivinema foi coletado em Venda Nova do Imigrante, o que representa o primeiro registro deste gênero na América do Sul.

“A maioria das espécies desse gênero ocorre no Canadá e na América do Norte. Apenas uma espécie deste gênero é representada na Região Neotropical, com distribuição no sul do México. Este é o primeiro relato do gênero Clivinema no Hemisfério Sul. Isso mostra a riqueza de biodiversidade de insetos que o Espírito Santo possui”, pontua David Martins.

Entomofauna do Espírito Santo

O projeto “Entomofauna do Estado do Espírito Santo” dedica-se à identificação da biodiversidade de insetos no Estado. Além dos mirídeos, outros grupos de insetos são estudados por meio da coleta de espécimes em diversos ambientes e regiões capixabas. O projeto também reúne informações dispersas sobre a biodiversidade de insetos coletados em acervos de coleções científicas e com registro de ocorrência em publicações especializadas do Brasil e Exterior, com suas respectivas plantas hospedeiras e distribuição no estado.

“O principal objetivo é reunir estas informações da biodiversidade do Espírito Santo, e aquelas que se encontram dispersas, para tornar essas informações acessíveis e de fácil consulta aos segmentos do ensino, pesquisa, extensão rural e defesa agropecuária, entre outros”, afirma Martins.

Sendo desenvolvido há cerca de 20 anos no Incaper, o projeto visa disponibilizar futuramente os resultados de forma digital em um Catálogo da Entomofauna do Espírito Santo. Nesse estudo já foram catalogadas cerca de 6.000 espécies distribuídas em várias ordens de insetos, além de cerca de 1.200 referências recuperadas com registros de espécies de insetos no Estado.

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