Um homem de 66 anos foi detido, nessa terça-feira (12), por organização criminosa e lavagem de dinheiro, no bairro Jundiá, em Pinheiros, na região norte do Estado. A prisão foi realizada pela equipe da Delegacia de Polícia de Pinheiros, em conjunto com policiais do serviço de inteligência da Polícia Militar, sob coordenação da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).

Segundo o chefe da DFRV, delegado João Paulo Pinto, após levantamentos foi possível identificar que o detido possui 10 carteiras de identidade falsas. “Esses RGs possuíam falsidade ideológica apenas em relação aos dados, pois os documentos eram materialmente verdadeiros, tendo sido emitidos pela Polícia”, disse.

Ainda de acordo com o delegado-chefe da DFRV, o suspeito por meio de uma empresa fictícia, que era registrada em seu nome, teria movimentado mais de R$ 7 milhões.

Segundo o titular da DP de Pinheiros, delegado Leonardo Ávila, o suspeito foi detido em via pública, em frente a residência de um familiar e não resistiu à prisão. “O detido é integrante de uma organização criminosa especializada na lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e diversos outros crimes”, afirmou.

“O suspeito utilizou quatro nomes diferentes, dos quais foram expedidos os mandados de prisão cumpridos nessa terça-feira. No momento da prisão, ao apresentar os mandados, o detido afirmou ter utilizado tais nomes para cometer diversos crimes, dentre eles, o de lavagem de dinheiro e falsificação de documentos oficias”, relatou Ávila.

A prisão faz parte da Operação Pianjú, realizada pela Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES).

O suspeito foi encaminhado para a sede da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) e, após os procedimentos de praxe, foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana.

Operação Pianjú

Em dezembro do ano passado, a megaoperação denominada “Operação Pianjú” desarticulou uma organização criminosa, com atuação interestadual e internacional. Ao todo, no dia da operação, dez empresários foram detidos, sendo quatro no Espírito Santo, cinco em São Paulo e um no Ceará.

A operação ocorreu de forma simultânea em quatro estados. No Espírito Santo, a operação ocorreu nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica. Em São Paulo, decorreu na Capital, em Santos e em Jaguariúna; no Ceará, aconteceu em Fortaleza; e em Alagoas, a ação foi em Maceió.

Investigações

A operação Piànjù é fruto de uma investigação que perdurou dois anos e denotou uma célula de uma organização criminosa que atuava no Espírito Santo. Essa associação era composta por dois grandes empresários capixabas e diversos outros membros, que agiam como “prestadoras de serviços” de lavagem de capitais para outras organizações criminosas.

O grupo criminoso desarticulado atuava de forma estruturada com a finalidade de praticar diversos crimes, entre eles: organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.

O esquema criminoso foi descoberto a partir de um falso comunicado de roubo de um caminhão. “Descobrimos que ele não existia fisicamente e que só constava no banco de dados do Detran e do Renavan. Esses caminhões ‘fantasmas’ serviam de patrimônio para essas empresas para que elas pudessem fazer o envio de dinheiro para a China e para os Estados Unidos”, apontou o titular da DFRV, delegado João Paulo Pinto.

“Na primeira fase da investigação identificamos que o dinheiro era enviado por determinadas empresas envolvidas em outros crimes, mas queremos saber se esses recursos pertenciam às companhias do Espírito Santo e de quais atividades eles eram fruto. Sabemos que os empresários daqui ficavam com uma parte do dinheiro e o resto mandavam para fora. Eles pagavam os impostos para fugir das fiscalizações dos órgãos de controle”, explicou o delegado.

Investigados na Operação Lava Jato

Durante a investigação, comprovou-se que a organização criminosa tinha ligação com empresas e pessoas investigadas e denunciadas no âmbito de diversas fases da Operação Lava Jato, realizadas pela da Polícia Federal e Ministério Público Federal. Entre elas, a Operação Chorume, a Operação Descarte, bem como empresas que já foram investigadas por atuarem com os doleiros Alberto Youssef e Nelma Kodama, todos no âmbito da força tarefa da Operação Lava Jato.

Uma das empresas é investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, por desvios de mais de R$ 98 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tendo esta Organização Criminosa, sediada no Estado do Espírito Santo, movimentado mais de R$ 800 milhões, valor global.

Texto: Olga Samara